Palo Seco
- Renata Araújo
- 13 de abr.
- 1 min de leitura
Atualizado: há 5 dias
Ecos de outros corpos,
traumas que não são meus,
mas que grudaram na minha pele,
frutos de uma herança invisível.
Gritos abafados de tantos pais de minha linhagem,
repletos de tristeza, raiva, amargura.
Sem outro caminho, escolheram a doença,
será essa a cura?
Muitos, cujos nomes nem sei,
talvez amorosos, talvez disciplinados,
não sabendo cuidar da dor da alma,
jogaram-se em vícios.
O risco da aposta na vida
carrega a dualidade habitual,
ganhar ou perder.
Mas, onde se esconde
a sorte da responsabilidade, afinal?
E sobre a bela voz feminina,
dissipada pela brisa do furacão,
perdendo-se no silêncio da casa,
satisfazendo desejos outros,
preenchendo o vazio de algo que se foi.
Cozinhar, limpar, costurar,
eis a lista do que preciso comprar.
Tento segurar veementemente tudo o que escapa,
sem saber que o que escapou fui eu.
A dor de perder um filho,
um luto não vivido,
ensinou que a tristeza não falada não se cala,
mas mantém a morte entalada,
carregando sua sombra por gerações.

Até breve! 🌻
***
✍🏼 Por Rê Araújo
Filósofa da alma
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