top of page
Transtorno do Espectro Autista

As informações aqui são baseadas na amostragem espectral que tenho, não sendo representativas de todos os indivíduos autistas. Abordar como a sintomatologia se manifesta nos autismos é estatisticamente impossível, devido ao grande número de variáveis.

Considerações gerais sobre o Autismo

Autismo significa um alto nível de introspecção, onde a pessoa fica muito focada para dentro de si mesma. Isso traz grandes desafios quanto aos comportamentos sociais considerados adequados, incluindo déficits relacionados à comunicação, à falta de reciprocidade e atenção compartilhada, à comunicação não verbal e à construção e manutenção de relacionamentos. 

Além desses aspectos, estão presentes muitas vezes: movimentos estereotipados, perfeccionismo, alinhamento e empilhamento de itens, organização padronizada e grandes dificuldades com imprevistos. Todos esses exemplos servem para promover a organização mental e aliviar o excesso de estímulos que recebemos do meio externo.

O diagnóstico é multidisciplinar e, no Brasil, somente os médicos podem validar o diagnóstico neuropsicológico, feito por um neuropsicólogo, e fornecer um laudo de TEA.

Trata-se de uma alteração do desenvolvimento neurobiológico em que os autistas não passam pelos “marcos” esperados de desenvolvimento das pessoas neurotípicas, como: linguagem, socialização, equilíbrio físico ou mental com funções executivas (organização, divisão de tarefas). Essas habilidades se desenvolvem fora do tempo previsto, pois algumas partes do cérebro amadurecem depois (como as responsáveis pela socialização e linguagem) ou muito antes (no caso da amígdala cerebral).

O modo mais adequado de se ver o autismo é através do olhar biológico, psicológico, social e até mesmo ambiental, sendo um conceito heterogêneo que inclui múltiplos sintomas, com variadas manifestações clínicas, bem como uma ampla gama de níveis de desenvolvimento e funcionamento.

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V-TR), traz o agrupamento denominado Transtorno do Espectro do Autista, incluindo: transtorno autístico (autismo infantil), síndrome de Asperger, transtorno desintegrativo da infância e transtorno global ou invasivo do desenvolvimento sem outra especificação.​

Para ser enquadrado no Transtorno do Espectro Autista, deve-se preencher, a partir desse mesmo manual diagnóstico, os critérios a seguir:

1. Deficiências sociais e de comunicação;

2. Interesses restritos, fixos e intensos e comportamentos repetitivos.

Esses critérios foram agrupados de tal forma, pois considera-se que déficits na comunicação e prejuízos sociais são inseparáveis. Atrasos de linguagem não são características exclusivas dos Transtornos do Espectro Autista e nem são universais dentro dele.

INSTA TEA.png
Nível 1: "leve"
(necessita de
algum suporte)

Não existe autismo sem suporte (apoio). O nível 1 significa que temos dificuldades para executar alguma tarefa que é prejudicada pelo transtorno, seja referente à comunicação, às interações sociais, organização, planejamento, etc. O que era compreendido por Síndrome de Asperger – atualmente está sendo enquadrada neste nível de autismo. 

 Nível 2: moderado
(necessita de um
suporte maior)

Um autista pode precisar de pouco suporte pra se comunicar (seria nível 1), mas pode necessitar de mais ajuda para fazer compras num local movimentado (essa ação seria nível 2 de suporte). Sendo assim, um autista nível 2 de suporte precisa de mais apoio para manter, relativamente, sua autonomia e isso não significa que haja Deficiência Intelectual e tampouco Superdotação.

Nível 3: severo
(necessita de
muito suporte)

Diz respeito àqueles que apresentam um déficit considerado grave nas habilidades de comunicação verbais e não verbais. Ou seja, não conseguem se comunicar sem contar com suporte. Também possuem um perfil  extremamente inflexível de comportamento, tendo dificuldades intensas de lidar com mudanças. Tendem ao isolamento social, mais que os outros níveis, se não estimulados. Se bem estimulado via terapias, pode chegar a nível 1 de suporte.

O que a Neurociência diz?
O que é TÍPICO e ATÍPICO?

Quando falamos de um desenvolvimento neurológico dentro do esperado e padrão, chamamos de desenvolvimento típico (NEUROTÍPICO) e, quando o desenvolvimento neurológico não acontece como esperado, chamamos de DESENVOLVIMENTO ATÍPICO (NEUROATÍPICO ou NEURODIVERGENTE).

 

Se um cérebro se forma de maneira diferente, é mais do que esperado que os autistas tenham comportamentos diferentes. Diferente não é sinônimo de melhor ou pior.

 

⚠️  Nem todo autista é gênio, superdotado ou possui altas habilidades e, tampouco, deficiência intelectual.

 

No caso do autismo, esse desenvolvimento neurológico atípico traz prejuízo persistente e invasivo das habilidades sociais e de comunicação; e padrões repetitivos e restritivos de comportamento, interesses e atividades.

Transtorno do Neurodesenvolvimento

Muitos transtornos são classificados como Transtornos do Desenvolvimento, isso significa que eles mudam com o tempo. O autismo é classificado como TRANSTORNO DO NEURODESENVOLVIMENTO, e isso significa que aparecem na infância e persistem por toda a vida. Além das influências biológicas, o autismo tem também um caráter psicossocial e EPIGENÉTICO.

Como a Epigenética pode influenciar no Autismo

A epigenética é definida como mudanças na expressão gênica (nas características que serão executadas, ou não, pelos genes) que podem ser herdadas e que não alteram a sequência do DNA. É como se o gene tivesse algumas opções e “escolhesse” executar uma delas de acordo com o mais favorável ao ambiente em que o indivíduo está. 

Existem dois mecanismos epigenéticos principais, a metilação do DNA (que já é alterada no autismo) e a modificação de histonas (responsáveis por modular a expressão do DNA).

 

Artigos recentes comprovam que o cérebro autista não é metilado de maneira correta, sendo que os genes hipometilados* (pouco metilados) são frequentemente superexpressos porque há uma correlação inversa entre a expressão gênica e a metilação do DNA nestes indivíduos. Desta forma, o aumento na expressão desses genes acaba interferindo em diferentes funções cerebrais que podem explicar a diferença entre as pessoas no espectro.

*A metilação é um processo fundamental para “silenciar” genes sem a necessidade de alterar a sequência do DNA, sendo um dos mecanismos responsáveis pelas diferentes características fenotípicas (aquelas que vemos “a olho nu”) que conhecemos como, por exemplo, a afinidade por determinado passatempo ou a sensação térmica (conforto ou desconforto) em certos ambientes.

 

Também foram observadas diferenças na metilação do DNA logo no nascimento do bebê, associadas a uma carga poligênica elevada para o autismo ligada à variação metilômica em locais específicos no sangue. Em outras palavras, crianças autistas exibem evidências de estresse oxidativo (que causam labilidade emocional, ansiedade, agitação, dores de cabeça…) devido à metilação prejudicada, o que pode afetar outras funções metabólicas no corpo, como a atividade da enzima metionina sintase. Essa enzima é necessária para a estimulação da dopamina, substância que promove a sincronização das redes neurais, favorecendo os déficits de atenção no autismo.

O cérebro autista é hipometilado devido interações entre o corpo e o ambiente, assim alguns genes são “lidos” no tempo e no lugar errados, principalmente aqueles relacionados às sinapses neuronais (informações químicas mediadas por neurotransmissores). 

Além disso, fatores ambientais como poluentes orgânicos em estágios muito precoce do neurodesenvolvimento também podem alterar a metilação, e desencadear os sintomas conhecidos como autismo.

Estruturas do cérebro humano

Embora pareça ser uma estrutura uniforme, ele pode ser dividido em áreas distintas, com base em suas origens embriológicas, estrutura e função. 

 

O cérebro humano é dividido em 6 lobos (partes), chamados: frontal, parietal, temporal, occipital, insular e límbico, distribuídos em dois hemisférios (lados), o direito e o esquerdo.

⚠️ De acordo com os estudos sobre o autismo, os lobos frontal e temporal são os mais afetados, mas não quer dizer que os outros lobos também não apresentem uma graduação de prejuízos, levando em conta que o transtorno é um espectro.

INSTA TEA(1).png
INSTA TEA(2).png

Há ainda as substâncias cinzenta (mais exterior, responsável pelo processamento das informações, como um computador) e branca (mais interior, responsável pelas conexões como os cabos do computador).

 

⚠️ Estudos de imagem mostram que tratos de fibras (massa branca) do cérebro não se desenvolvem de maneira adequada nos indivíduos com autismo, bem como padrões assíncronos de conectividade cerebral.

 

Esse funcionamento dessincronizado pode explicar por que costuma ser tão difícil mostrar eficiência quando somos exigidos a compreender e reagir à linguagem rápida e complexa, bom como às informações sociais. Essa mesma assincronia está vinculada ao desenvolvimento de talentos e aptidões que alguns autistas possuem.

INSTA TEA(3).png

👉🏼 LOBO FRONTAL: 

 

Controla os movimentos voluntários, a atenção, a memória de curto prazo, a linguagem, a motivação, a fala, a capacidade de planejamento, organização, o raciocínio e a flexibilidade. Além disso, está relacionado ao controle do comportamento social e de emoções. 

 

Caracteriza-se por apresentar áreas de extrema importância funcional, como a área motora e pré-motora, e área de Broca (leia-se “Brocá”, relacionada à linguagem). 

 

Alterações nos lobos frontais trazem dificuldades em controlar as emoções, deixando pessoas com autismo mais facilmente instáveis com mudanças. 

 

Lesões nessa área também favorecem o comportamento compulsivo, a rigidez cognitiva e tendência a ver as coisas de maneira literal. 

 

⚠️ Há indicativo de que, pessoas com TEA apresentam menor fluxo sanguíneo e disparo neuronal nessa área. Como tentativa de compensar esse dano, múltiplas áreas do cérebro autista são acionadas para executar uma tarefa.

👉🏼 LOBO TEMPORAL: 

 

Decodifica os sinais sensitivos (visuais e auditivos) em informações que serão usadas para reter a memória visual e a compreensão da linguagem. É conhecido pelo processamento da percepção e cognição social, assim como, está envolvido na comunicação interpessoal, pois atua no processo de imitação e percepção da voz humana. 

 

Estudos que objetivaram analisar o fluxo sanguíneo cerebral em determinadas áreas do cérebro em autistas comparando com indivíduos neurotípicos, demonstraram disfunções no lobo temporal, com um menor fluxo sanguíneo no giro temporal superior esquerdo. 

 

Essas alterações podem explicar alguns sintomas típicos do espectro autista como dificuldades emocionais, perceptivas e cognitivas. Além disso, há evidências de que essas disfunções temporais possam estar relacionadas a limitações de contato visual, processamento de aspectos básicos da informação social, dificuldades de inferir sobre emoções de outros indivíduos e na comunicação interpessoal. 

 

Em análises de aspectos de reconhecimento facial e de expressões faciais, houve resultados que demonstraram hipoativação do giro fusiforme, área conhecida pelo processamento do reconhecimento facial. Essas disfunções podem explicar a dificuldade de discriminação emocional e facial experimentada no espectro. 

 

⚠️ Deficiências neste lobo de processamento se repetem nas análises de reconhecimento vocal. Esses dados, podem explicar a dificuldade na percepção e descriminação de de estímulos vocais, como ajustar o volume adequado da voz. Mesmo que autistas percebam o que os olhos ou o rosto de alguém está transmitindo, fazem isso de maneira diferente (com menor eficiência ou demandam mais tempo do que o esperado).

 

Outros estudos que buscaram analisar o nível de resposta à estimulação auditiva, observaram que indivíduos autistas demonstram dominância hemisférica direita, ao contrário de grupos controles não afetados. 

 

Assim como, achados sugerem ativação auditiva anormal na região temporal esquerda, fato que pode explicar déficits de linguagem e respostas inadequadas a estímulos sonoros.

👉🏼 LOBO PARIETAL: 

 

Integra os estímulos de percepção de posição, deslocamento, equilíbrio, peso, e captação de ondas sonoras. Aqui também temos os sensores táteis e o processamento da linguagem.

👉🏼 LOBO OCCIPITAL: 

 

Responsável pelo processamento visual.

👉🏼 LOBO INSULAR: 

 

Vale destacar a relação do córtex insular com processamento de emoções como a empatia, assim como a percepção subjetiva de emoções, ou estados corporais internos (interocepção).

 

⚠️ O mecanismo de interocepção da ínsula codifica sensações de dor, temperatura, coceira, sensações musculares e viscerais, atividade vasomotora, fome, sede e até se um contato físico é agradável.

👉🏼 LOBO LÍMBICO: 

 

O lobo límbico (sistema límbico) abrange estruturas que recebem informações de diversas regiões do cérebro e que participam de comportamentos complicados e inter-relacionados (por exemplo, memória, aprendizagem e emoção). Está associado ao sistema de respostas de luta, fuga ou congelamento.

Mais estruturas do cérebro humano

Além dessa divisão, há outra que separa as estruturas presentes em todo o Sistema Nervoso Central (SNC) que, nos estudos sobre o autismo, apresentam alterações: como córtex (principalmente o córtex frontal e temporal), o cerebelo, a amígdala (estamos falando de cérebro, e não de garganta), o corpo caloso e o hipocampo.

Sem título.jpg

👉🏼 AMÍGDALA: 

 

Pesquisadores que estudam o cérebro das pessoas autistas estão propondo que a amígdala de crianças pequenas com TEA é maior do que quando comparada com crianças sem o transtorno. As amígdalas são responsáveis pela nossa memória emocional. Para contextualizar o que representa a amígdala cerebral, quando ela é removida por algum motivo, a pessoa que a perdeu, não é mais capaz de reconhecer o que parentes ou amigos próximos representam, emocionalmente, em sua vida.

Além da memória emocional, a amígdala está relacionada ao medo condicionado (reações exacerbadas de ansiedade e medo, como o pânico), ao comportamento social deficitário, à dificuldade no processamento de expressões faciais emocionais e ao prejuízo no julgamento social.

 

⚠️ Uma vez que a amígdala é acionada, é difícil desligá-la com um comando racional, pois ela é soberana ao pensamento cognitivo e é exatamente que frases do tipo "não fica triste" ou "deixe de ser ansioso" não funcionam e até atrapalham.

👉🏼 HIPOCAMPO: 

 

O hipocampo é responsável pela formação, organização e armazenamento das memórias explícitas das situações, ou seja, o fato em si (e não as memórias emocionais, pois essas é a amígdala que registra), fatos que serão convertidos nas memórias de longo prazo.

​Situações estressantes atrapalham o processo de fixação das memórias, pois atrofiam partes dos neurônios no hipocampo. 

Alguns cientistas acreditam que o tamanho aumentado de algumas partes do cérebro de alguns indivíduos com autismo indica que o processo de PODA SINÁPTICA falhou.

Em autistas, estudos mostram que há um crescimento desregulado do hipocampo, variando em volume de acordo com o crescimento do indivíduo.

⚠️ A teoria é de que há neurônios em excesso nas amígdala e no hipocampo, mas são menores e agrupadas mais estreitamente do que deveriam.

👉🏼 CEREBELO: 

 

Dentre as alterações estruturais no autismo, um dos locais mais estudados nesse aspecto é o cerebelo. O cerebelo constitui um órgão do sistema nervoso segmentar e tem uma organização bem semelhante ao cérebro. 

Estudos anatômicos, em poucos cérebros durante as autópsias, revelaram que o cerebelo, responsável pela coordenação motora (motricidade) e atividades cognitivas, apresenta menos células cerebrais.

👉🏼 CORPO CALOSO: 

 

O corpo caloso é composto da substância branca e é responsável pela conexão dos dois hemisférios cerebrais e está relacionada às funções executivas. 

 

Há hipóteses que indicam uma redução do corpo caloso em autistas, o que acarreta em um processamento mais lento e reduzida integração de informações. 

Se existe alteração no corpo caloso, há um quadro com sintomas mais evidentes do autismo, relacionados às habilidades cognitivas, de linguagem e de teoria da mente, que é a capacidade de se colocar no lugar do outro.

O que muda no cérebro Autista?

⚠️ Os estudos são feitos colocando as pessoas para fazer tarefas que necessitam dessas expressões - comportamentos sociais, flexibilidade comportamental, compreensão e expressão da linguagem -  por meio de acompanhamento via ressonância magnética funcional.

Região que apresenta funcionamento neurodivergente, relacionado à flexibilidade comportamental:
  • Córtex pré-frontal
INSTA TEA(4).png

O córtex pré-frontal é uma região do cérebro que desempenha um papel importante no comportamento emocional, controle da atenção, escolha das opções comportamentais mais adequadas à situação social, funções cognitivas, pensamento, raciocínio, percepção sensorial e compreensão da linguagem.

 

É a ação do córtex pré-frontal que permite a tomada de decisões, compreensão, memorização, repressão ou inibição de ações, entre outras ações como: controlar os impulsos e gerenciar emoções; concentração, organizar informações complexas e colocá-las em prática; armazenar a memória de trabalho (habilidade cognitiva que nos permite guardar uma informação à medida que experimentamos ou fazemos coisas).

 

Ou seja, o córtex pré-frontal é essencial na definição de metas, objetivos e no planejamento de estratégias de ação necessárias para sua execução. Além disso, pesquisadores afirmam que o córtex pré-frontal é o responsável pela avaliação do sucesso ou fracasso das ações desenvolvidas para atingir objetivos.

Regiões que apresentam funcionamento neurodivergente, relacionados aos prejuízos sociais:
INSTA TEA(5).png
INSTA TEA(6).png

O córtex orbitofrontal (parte do córtex pré-frontal) está vinculado à tomada de decisões, à regulação emocional (sentimentos, comportamentos e respostas fisiológicas) e ao estilo afetivo (como percebemos o estímulo emocional e reagimos a ele) de cada um. 

 

Estudos indicam assimetria entre o córtex pré-frontal direito e esquerdo. Lesões no córtex pré-frontal esquerdo (relacionado com o afeto positivo) apresentam maior probabilidade de produzir sintomas depressivos. Pessoas que possuem maior atividade elétrica no lado direito tendem a sentir mais os afetos negativos. Essas pessoas que têm maior ativação elétrica no lado direito possuem menos células natural killers, presentes no sistema imunológico, que combatem as células tumorais (cancerígenas). 

 

A regulação emocional pode ser antecipatória (elabora uma estratégia de mudança cognitiva para evitar a emoção antes do evento em que ela vai ocorrer, como evitar falar sobre uma prova minutos antes de ela começar) ou focada na resposta (a emoção do evento já aconteceu e tentamos inibir a resposta - da amígdala - para que outras pessoas não percebam). 

 

Os seres humanos percebem as sensações do corpo que fornecem informação sobre suas condições físicas e ocorre uma resposta emocional com variação de humor e dos estados emocionais. Percebemos as sensações do nosso corpo que relatam o nosso bem-estar, nossos níveis de energia e de estresse, humor e disposição. Esse mecanismo é chamado INTEROCEPÇÃO. Essas informações são percebidas pelo corpo cingulado anterior e pelo córtex insular.

 

⚠️ O córtex cingulado anterior está vinculado com um "sistema de alarme neuronal". Estudos apontam que as representações de dor física e emocional se sobrepõem nesta estrutura, ou seja, dor emocional é lida pelo cérebro da mesma forma que dor física.

Regiões que apresentam funcionamento neurodivergente, relacionados aos prejuízos na compreensão e expressão da linguagem:
  • Córtex motor primário e pré-motor (Áreas de Brodmann: BA 4 e 6)
  • Giro frontal inferior esquerdo  (Áreas de Brodmann: BA 45, 46 e 47)
  • Córtex cingulado (Área de Brodmann: BA 31 e 32)
  • Giro supramarginal (Área de Brodmann: BA 40)
  • Lobos frontal e parietal
  • Córtex pré-frontal
INSTA TEA(7).png
INSTA TEA(8).png
INSTA TEA(9).png

O córtex motor primário é responsável pela realização de movimentos diretamente relacionados a diversos músculos, tais como, músculos dos braços, das pernas, da face, dos ombros e a maior parte dessa região que está relacionada aos músculos das mãos e da fala. O estímulo elétrico nesta área induz a excitação de diversos músculos para a realização de um movimento, como o que ocorre na excitação de músculos com o objetivo dos movimentos da fala. Também está relacionado com a aprendizagem de movimentos motores absolutos de força e agilidade mantendo nossa capacidade de exercer o movimento sem que se perca a sua característica motora.

 

O córtex pré-motor estimula padrões de movimentos um pouco mais complexos, ocorrendo a partir de uma “ imagem’’ dos padrões musculares ativados. A existência de neurônios espelho, que são excitados quando vemos alguém realizando algum movimento, também estimula partes do cérebro para que possamos realizar movimentos parecidos, transformando estímulos sensitivos (visuais) em estímulos motores.

 

O giro frontal inferior esquerdo controla a função da linguagem expressiva, ou seja, aquelas que têm a ver com os movimentos necessários para produzir a linguagem como: gesticulação, entonação e processamento semântico. Desempenha um papel crucial na elaboração e geração da linguagem falada e escrita.

 

O giro supramarginal está envolvido no processamento de algumas modalidades sensoriais, a saber: proprioceptiva, auditiva, visual e somatosensorial. 

Como vimos anteriormente, o Lobo Frontal é essencial para planejamento e execução de comportamentos aprendidos e intencionais, bem como se constitui em um local de muitas funções inibitórias. Já o Lobo Parietal, localizado atrás do lobo frontal, é responsável pela integração das informações sensoriais (toque, temperatura, pressão e dor) e permite avaliarmos o tamanho, a forma e a distância de objetos. O córtex pré-frontal, também já visto, é a região do cérebro que desempenha um papel importante no comportamento emocional, escolha das opções comportamentais mais adequadas à situação social, funções cognitivas, pensamento, raciocínio, percepção sensorial e compreensão da linguagem.

⚠️ Olhando atentamente para as funções de todas as áreas que podem estar afetadas no autismo, com graduações e combinações infinitas, fica fácil compreender o motivo de o transtorno ser um espectro!

Diagnóstico diferenciado

O diagnóstico é feito pela avaliação comportamental, onde são observados os graus de severidade dos sintomas, pois não há nenhum teste biológico ou exame médico, de imagem que permita diagnóstico.

Atualmente, não há marcadores biológicos para o diagnóstico do autismo, sendo este clínico e comportamental. Há algo que afeta a formação da pessoa com componentes genéticos, mas não há um gene do autismo, pois somos fruto da genética, e é incoerente atribuir apenas à causa genética. Existe um mapeamento de alguns genes apenas.

 

O autismo não é degenerativo! A plasticidade cerebral permite que o autista desenvolva algumas habilidades, mas “uma vez que o desenvolvimento do cérebro ocorre de forma orquestrada, qualquer anomalia na sequência de passos pode levar a formação de condições atípicas, o que, por consequência, levará a funções encefálicas também atípicas” (Kuhl & Damasio, 2014).

 

⚠️ É preciso identificar as limitações, mas é fundamental focar nas capacidades e potenciais a desenvolver. No Brasil há, aproximadamente, 2 milhões de pessoas autistas (Oliveira, 2018).

 

AUTISMO NÃO É CAUSADO POR VACINAS!

Como a maioria dos cérebros estudados até hoje são de pessoas com autismo severo, deficiência intelectual e epilepsia, em alguns casos, fica difícil estabelecer um padrão anatômico e fisiológico das estruturas cerebrais. O que comprova a complexidade do espectro!

 

O autismo, a depressão e outros transtornos estão num contínuo que vai do normal ao anormal. O excesso de um traço causa incapacidade severa, mas um pouco dele pode ser uma vantagem. Os cérebros autistas não estão lesados. O meu não está! Meus circuitos não estão rompidos. Eles simplesmente não se desenvolveram como deveriam.

​O site https://autism.org/autism-treatment-evaluation-checklist/ disponibiliza um Formulário para Avaliação de Tratamentos do Autismo (Autism Treatment Evaluation Chechlist: ATEC) com o objetivo quantificar a evolução dos sintomas de uma pessoa autista.

 

Se somos primatas e vivemos em sociedade, e para uma pessoa típica já é difícil socializar, imagina para um autista? Imagina se os familiares desconhecem essa condição?

 

⚠️ É por esse tipo de coisa que somos levados a buscar ajuda e recebemos o diagnóstico tardio. Ninguém vai à busca de um diagnóstico apenas por curiosidade, ele vem após uma série de angústias e sofrimento.

Tratamento e acompanhamento

Sim, há o que fazer! Mesmo que seja um transtorno do neurodesenvolvimento, nosso cérebro tem uma alta plasticidade, mas é preciso olhar as dificuldades e traçar estratégias para aumentar a qualidade de vida com o desenvolvimento de comportamentos funcionais e adequados. 

 

Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) e Análise do Comportamento Aplicada (ABA), que investigam componentes prejudiciais e traçam estratégias para melhora da comunicação, resiliência frente às frustrações, ambientes frequentados e todos os demais que favoreçam a autonomia do Sujeito.

 

⚠️ Essas são as indicações da Associação Brasileira de Psiquiatria, mas eu já fiz terapia na abordagem Psicanalítica e, atualmente sigo a linha Análise Junguiana e me identifico bastante com essa abordagem. Contudo, como o espectro é amplo, cada um deve seguir as orientações do seu médico, pois será preciso medicação nos casos de comorbidades.

Finalizando...

Essas evidências são obtidas a partir de estudos comparativos de exames de imagem. Algumas alterações não estão presentes 100% das vezes, nem costumam aparecer todas juntas. Trouxe um compilado de informações de artigos científicos e livros para nos auxiliar a entender este assunto tão complexo.

É possível observar que ainda há algumas inconsistências de dados sobre as alterações estruturais no autismo. No entanto, à medida que o conhecimento avança, novas técnicas de investigação e terapêuticas mais específicas e efetivas podem ser desenvolvidas para o melhor desenvolvimento dos autista.

Links e documentos úteis*
(*os links são acessíveis via computador)

Cartilha preventiva

Conduta preventiva para autistas com tendências suicidas

Participação de estudantes da UEMG e da USP.

Sem título.jpg

Livro

Legislação, Jurisprudência e Políticas Públicas

Conselho Federal da OAB.

Sem título.jpg

Serviços jurídicos

Advocacia PRO BONO (gratuita para pessoas autistas)

Innocenti Advogados Edital 2024.

Sem título2.png

BPC/LOAS

Benefício para pessoas com deficiência.

Para pessoas de baixa renda.

Segurando dinheiro

Livro

Como lidar com o autismo na universidade

Lançamento realizado pela UFMS.

Sem título.jpg

Áudiolivro

Aparentemente nada a diferencia das outras pessoas

A diferença invisível (no autismo feminino).

91a1HD4mUKL._SL1500_.jpg

Planos de saúde

Judiciário reconhece a ilegalidade dos cancelamentos

Cancelamento unilateral pelas prestadoras.

d7c79856cdb1dbe77e29c4d9569b7002fc239acf.jpeg

Ciptea

Carteira de identificação de pessoa autista

Carteira-do-autista.jpg

Novo modelo de RG

Nova carteira de identidade está disponível

E tem o símbolo do autismo.

Sem título.jpg

Transporte público

Para pessoas portadoras de deficiências

Isenção do pagamento de tarifas.

Dentro de um ônibus

Passagens aéreas

ANAC garante 80% de desconto em passagens aéreas

Para acompanhantes de pessoas autistas.

avião

Legislação Mineira

Lista de Legislações Estaduais e Federais para Inclusão

Sem título.png

Apoio especializado

Como funciona o apoio especializado nas escolas?

evasão escolar

Jornada de trabalho

Jornada reduzida para pais de pessoas com TEA

O próprio autista precisa entrar na justiça.

Trabalhador-CLT-tem-direito-a-reducao-da-jornada-de-trabalho.jpg

Aposentadoria especial

Para o servidores públicos com deficiência

Foto de grupo

Estacionamento

Credencial de estacionamento para pessoas autistas

Vaga de carro

IPVA gratuito

Para pessoas portadoras de deficiências diversas

Veículo deve custar até 70 mil.

Na estrada

Meia entrada

Para eventos artísticos, culturais e esportivos

Basta apresentar a CIPTEA.

Complexo de cinema

Legislação Municipal

Lei Municipal de Inclusão da Pessoa Com Deficiência

Sem título.png

Prática esportiva

Programa Supera oferece várias modalidades

Secretaria Municipal de Esportes e Lazer.

Paraplégico Sporting Evento

Desconto na conta

Autistas tem direito ao desconto na conta de luz

Secretaria Especial do Desenvolvimento Social.

Anel de ampolas

Aposentadoria especial

Para PCDs - Pessoas com Deficiência pelo INSS

Amigos em uma caminhada
Algumas dificuldades
BLOG-RECEBENDO O DIAGNÓSTICO.png

Receber o diagnóstico

Receber o diagnóstico de autista pode  ser algo libertador! Sentir que não se é a única estranha nesse mundo traz uma sensação calorosa de pertencimento. Participar de um Grupo de Apoio após o diagnóstico ajuda a passar pelo processo de luto que vem com a denominação desse EU. Compreender como lidar com os sintomas e como agir ao menor sinal de crise é fundamental. Impor limites, praticar atividade física, cuidar da parte nutricional, fazer um acompanhamento médico regular, manter o processo terapêutico e descansar por mais tempo, passa a ser prioridade e uma questão de sobrevivência. Uma boa dica é focar nas estratégias assertivas, isso ajuda a superar os momentos difíceis.

istockphoto-984284262-612x612-1.jpg

Interesses restritos e intensos

Quando gostamos de um assunto, o pesquisamos a fundo, a ponto de nos tornarmos especialistas no tópico; verdadeiros professores com um powerpoint mental que duraria várias horas de palestras. Os interesses restritos e intensos podem se manifestar de várias formas, seja como estudar incansavelmente um tema específico, colecionar determinados objetos, assistir repetidas vezes ao mesmo filme, escutar várias vezes a mesma música, falar muito tempo sobre um mesmo tópico e por aí vai...

26-scaled.jpg

Hiperfoco

Hiperfoco é o termo usado para descrever o estado de concentração intensa e sustentada de uma pessoa por uma tarefa ou um conjunto de estímulos específicos, como um estado de absorção completo em uma das áreas de interesse restrito e intenso. Durante o estado de hiperfoco, há uma percepção diminuída de estímulos que não são relevantes para a tarefa. O hiperfoco pode se manifestar de diferentes formas no dia a dia de quem apresenta o traço, como estudar incansavelmente um tema específico, colecionar determinados objetos, assistir repetidas vezes ao mesmo filme, entre outros. Os hiperfocos tendem a mudar ao longo da vida, mas o aspecto é o mesmo. Somos envolvidos num estado de completa absorção, há uma percepção diminuída de estímulos que não são relevantes naquele momento. Uma estratégia para ficar em paz sem ruminação mental de tarefas a fazer, autistas não gostam de procrastinar, é executar as tarefas antes de ser levado pelo hiperfoco. Assim, podemos aproveitar toda a sensação de bem-estar que vem quando estamos hiperfocados.

WhatsApp Image 2024-06-17 at 01.21.10.jpeg

Literalidade

Autistas tendem a interpretar informações de maneira literal, encontrando dificuldade em compreender expressões figuradas, metáforas, indiretas, piadas e entrelinhas. É importante destacar que nem todas as pessoas autistas apresentam essa característica, e a intensidade da literalidade pode variar consideravelmente. Mesmo que a intensidade da literalidade seja baixa, a mente do autista interpreta as palavras literalmente e, numa fração de segundos constrói a imagem do que foi falado. Isso pode desencadear risos fora de contexto, gerando incompreensão no interlocutor. Piadas podem ser compreendidas algum tempo após o tempo normalmente esperado.

Sem-nome-800-×-500-px-15.png

Padrões e previsibilidade

Temos a tendência em adotar padrões de repetição inconscientemente ou não de rotina, palavras, gestos e expressões, pois são uma forma de conforto individual. Podem ser interpretados como manias, tiques ou hábitos, mas para nós é uma questão de previsibilidade. Os imprevistos desestruturam todo o nosso mundo interior e temos dificuldade de nos autorregularmos novamente até o nosso equilíbrio padrão. Imprevistos podem, inclusive, desencadear crises (que explicarei oportunamente).

26733936_1528476853926375_6576528630226369084_n.jpg

Masking

O termo camuflagem, chamado também de masking social), refere-se ao uso de estratégias que usamos, inconscientemente ou não, para sermos aceitos em algum grupo ou para minimizar a “visibilidade” das características do autismo em situações sociais através da tentativa de cópia dos comportamentos e falas, criação de roteiros mentais de possíveis interações sociais (positivas e negativas), monitoramento das próprias expressões corporais e faciais, a fim de não demonstrar que a interação social está exigindo um esforço desgastante. Como vivemos numa sociedade patriarcal, as meninas são ensinadas, desde cedo, a falar baixo, a ter que sorrir (e aí vem o que eu chamo de sorriso "sincero" que é aquele sorriso que parece mais um choro), cumprimentar as pessoas tendo que beijar e abraçar (e ainda sorrir), manterem-se quietas, obedientes e subservientes, transformando-se num cenário ideal para a camuflagem social. Na tentativa de parecermos normais, somos prejudicadas pelo desgaste físico e emocional que o masking acarreta como dor de cabeça, náuseas, enjoo e exausta após eventos sociais.

iStock-1299357739-min.jpg

Ansiedade

Autistas sentem o mundo de forma muito intensa e isso pode causar grande ansiedade. Entender e se relacionar com outras pessoas, participar de toda a vida familiar, escolar, laboral e social pode ser bem difícil. Neurotípicos parecem saber, intuitivamente, como se comunicarem e interagirem uns com os outros, mas nós somos bem diferentes e essas diferenças nos deixam ainda mais aflitos, por não saber o que fazer para atender às expectativas daquele contexto em que estamos. Às vezes estamos com o pensamento tão focado na solução de algo que não cumprimos as etiquetas sociais simples, de bom dia, por exemplo. Grosseria? Saibam que não é por mal!

istock-1335296845-910x607.jpg

Labilidade Emocional

Nós autistas temos dificuldade em regular nossas emoções e precisamos de estratégias de autorregulação para lidar com a sobrecarga emocional e/ou sensorial. Cada pessoa com autismo gerencia sua entrada sensorial de uma maneira diferente e, por isso, as habilidades de regulação emocional costumam variar. Além das situações sensoriais que impactam na regulação emocional, existem diversos fatores ambientais, circunstanciais e mentais que podem dificultar a regulação emocional.

sensibilidade-autista.png

TPS

A alteração da integração sensorial resulta em Transtorno de Processamento Sensorial (TPS) pode ocorrer de forma isolada ou como comorbidade (condição associada) ao autismo. O cérebro da grande maioria das pessoas no espectro do autismo tem dificuldade em gerenciar sua entrada sensorial, o que faz com que ele reaja de forma excessiva (hipersensibilidade) ou insuficiente (hipossensibilidade) à entrada visual, tátil, gustativa, vestibular e auditiva. Muitas vezes não conseguimos participar de atividades típicas da vida, ou participamos com restrições e adaptações sensoriais (usando abafadores, por exemplo). Pessoas com esse transtorno apresentam mais problemas de aprendizado e no desempenho acadêmico, alterações de coordenação motora (tanto ampla quanto fina), mudança de comportamento (com distração, impulsividade, hiperatividade ou hipoatividade e problemas gastrointestinais. Uma das consequências são os sintomas de  estresse crônico e a baixa autoestima, devido ao afastamento social provocado pelo TPS associado ou não ao TEA.

Mais dificuldades...

Dificuldade com a interocepção (percepção de sede, fome, vontade de ir ao banheiro).

Ter um alto padrão moral e ficar absorta com injustiças e sentir mal ao ver noticiários.

Dispraxia (apresentar dificuldade com questões motoras, de equilíbrio e postura).

Dificuldade em perceber as pessoas que não gostam de nós.

Ser vista como infantilizada na fase adulta, por estar imersa nos próprios interesses, mesmo não querendo passar essa impressão.

Se sentir muito diferente para este mundo.

Não perceber que o outro está cansado de ouvir sobre o nosso hiperfoco.

Dificuldade de se relacionar com os pares da mesma idade e em fazer e manter amizades.

Parecer inoportuna, muito direta, ríspida pedante e sarcástica nas interações sociais.

Dificuldade em lidar com as críticas.

Ter dificuldade em perceber as hierarquias sociais.

Ter interesse em pessoas específicas.

Dificuldade em acompanhar as conversas em grupo.

Necessidade de organização em tópicos e listas.

Racionalizar demais sobre o que fazer.

Dificuldade de se relacionar com os pares da mesma idade e em fazer e manter amizades.

Ter fobias incomuns.

Manter-se próxima, sem estar incluída.

Ficar muito aflita com a aproximação física acentuada e com contato visual contínuo (invadindo o espaço pessoal).

Dificuldade em falar ao telefone, preferindo mensagens (de texto, principalmente).

Preferência por atividades solitárias.

Dificuldade em lidar com muitas tarefas ao mesmo tempo.

Dificuldade em expressar seu humor.

Leia também
bottom of page