A batalha
- Renata Araújo
- 6 de abr.
- 1 min de leitura
Atualizado: há 5 dias
As relações humanas sempre foram um desafio para mim. Aliás, minha adaptação a este mundo nunca foi fácil. A condição de ser autista me coloca em um lugar delicado porque viver fora da curva ou dentro das expectativas sociais muitas vezes é desconfortável para todos os envolvidos. Para muitos, isso se traduz em um comentário simples, como: "mas deve ser bem leve, não é?" ou "mas você não parece autista".
Além disso, a superdotação, que me permite ajudar a emergir o melhor nas pessoas, também me coloca em um espaço quase fictício de ser sobre-humana. Isso, imediatamente, parece retirar de mim o direito de sentir tristeza, raiva, cansaço, tédio ou exaustão.
É uma luta constante dentro de mim: autismo versus superdotação . E, ao contrário do que se espera, não há vencedor. A batalha nunca cessa.
Normalmente, sou a pessoa que ajuda, que apresenta soluções para que todos fiquem bem. Mas, hoje, estou cansada. Cansada de ver como, nós, seres humanos, conseguimos nos superar em nossa pequenez egocêntrica a cada dia que passa. Cansada de ser apenas um número na estatística, um rejeito aos olhos de Hans Asperger, uma voz sem som, aquela que observa a caixa por fora, com uma existência desrespeitada por não atender às expectativas de quem está dentro.

Até breve! 🌻
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✍🏼 Por Rê Araújo
Filósofa da alma
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